Arquivo X: episódio da 7ª temporada atormenta fãs até hoje
Uma das séries mais importantes da história da televisão, Arquivo X, produção cujo formato, estilo cinematográfico e mistura entre ficção científica, terror e suspense representaram um divisor de águas na indústria, já soma mais de 20 anos desde que encerrou sua exibição original entre 1993 e 2002.
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Uma das primeiras séries a desenvolver uma base de fãs ativos na internet, a produção de Chris Carter, que possui ainda dois filmes e um revival de duas temporadas, mantém seu legado vivo até hoje, com fãs revisando episódios e teorias mesmo passado tanto tempo da exibição do show.
Eventos alienígenas culminam no episódio
Prova disso é o impacto que A Sexta Extinção: O Amor ao Destino, segundo episódio da sétima temporada do seriado, causa desde aquela época, levantando debates sobre as motivações que levaram Carter e o próprio protagonista David Duchovny, co-escritor de seu roteiro, a apresentá-lo daquela maneira.
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Continuação direta de A Sexta Extinção, o capítulo funciona como o encerramento de um arco iniciado ainda na temporada anterior em que Fox Mulder (David Duchovny) começa a sofrer de estranhas reações após ter contato com um objeto alienígena.
Scully (Gillian Anderson) descobre então que o objeto contém passagens da Bíblia, assim como um mapa do genoma humano, e, já no início da sétima temporada, decide ir até onde ele foi encontrado na Costa do Marfim em busca de respostas.
É assim que a cética agente se depara com uma nave alienígena, enquanto Mulder entra em coma e desenvolve poderes telepáticos, dando início a alguns dos eventos mais polêmicos da história do show.
Mulder é confrontado por futuro idílico
Ainda hospitalizado, Mulder é visitado pelo Homem Fumante (William B. Davis), que revela ser seu pai e o tira dali, levando-o até um bairro desconhecido. No local, o agente encontra Garganta Profunda (Jerry Hardin), sua ex-parceira Diana Fowley (Mimi Rogers) e sua irmã desaparecida, Samantha (Megan Leitch), ao mesmo tempo em que vê os anos passarem, assistindo a trechos futuros de sua própria vida.
Arquivo X revela então que tudo o que estamos assistindo não passa de um sonho e Mulder está na verdade sendo atendido em uma instalação do governo. O plano dos médicos é tirar partes do tecido craniano do personagem (infectados pelo vírus alienígena) e implantar no Homem Fumante, que poderia assim sobreviver à iminente invasão alienígena.

O episódio termina com Scully, que havia recebido anteriormente um pacote com um livro falando sobre um homem que impediria o apocalipse, encontrando um cartão de segurança embaixo da sua porta e invadindo a instalação do governo para resgatar o parceiro.
Trama retrata agente semelhante a Cristo
Um dos episódios que mais “atormentaram” os fãs ao longo dos anos, A Sexta Extinção: O Amor ao Destino é considerado um encerramento de arco diferente até para os padrões de Arquivo X, embora a série fosse famosa por experimentar estilos e apresentar tramas profundas, que iam além da superfície.
Mais onírico e cheio de camadas do que o restante do show, os delírios vislumbrados por Mulder foram revistos centenas de vezes pelos fãs, assim como as imagens cristãs espalhadas ao longo de todo o capítulo fazendo referência direta a Jesus Cristo.
Com o tempo, descobriu-se que Duchovny, um fã do livro A Última Tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis, encontrou paralelos entre a “batalha” travada por Mulder com a ideia central da obra e decidiu se apropriar de alguns conceitos do romance para mostrar de maneira lúdica e poética as angústias do personagem.

Para quem não conhece o romance histórico de 1955, A Última Tentação de Cristo mostra a terrível indecisão vivida por Jesus, que não sabe se deve atender a seu chamado superior como filho de Deus ou entregar-se ao seu desejo de viver sua própria humanidade.
O episódio, portanto, traz sutilmente uma série de analogias entre essa divisão que Jesus vivia com os próprios questionamentos de Mulder, que é também “o escolhido” para impedir a invasão alienígena que se aproxima, mas sonha em viver uma vida humana, da qual terá que abrir mão.
Episódio levanta debates e polêmicas até hoje
Controverso na época e ainda hoje, A Sexta Extinção: O Amor ao Destino é apontado por alguns fãs como um dos melhores episódios de Arquivo X, enquanto para outros apresenta, para além de polêmicas religiosas, falhas graves no desenvolvimento dos personagens, que tiveram suas histórias adaptadas apenas para caber na ideia de Duchovny.
Segundo veio a público na época, a própria equipe da produção teve dificuldade em aceitar o roteiro, por ver inconsistências na história como o fato do Homem Fumante ser o pai de Mulder (“matando” assim várias teorias mais plausíveis criadas pelo público).
Além disso, no livro The Complete X-Files, escrito por Chris Knowles e Matt Hurwitz, foi revelado que Gillian Anderson ficou particularmente incomodada com a evolução de sua personagem, que no episódio anterior descobria uma nave alienígena e, no seguinte, “voltava à estaca zero” tornando-se novamente cética sobre a existência de extraterrestres.

Controvérsias à parte, a ousadia de A Sexta Extinção: O Amor ao Destino e sua tentativa de fazer algo então inédito no show, levando seus questionamentos a outro nível de profundidade, tornaram o episódio um dos mais lembrados entre os fãs e a crítica.
No IMDb, banco de dados em que recebeu nota 7,7 da audiência, o episódio foi elogiado por mostrar um lado até então não visto do protagonista. “No final das contas, isso refletiu o desejo de Mulder de ter o fardo dos Arquivos X tirado dele”, escreveu um usuário.
Outro se atentou para o fato do que é mostrado como o verdadeiro significado da missão de Mulder. “Em uma escala muito menor [do que a de Cristo], a missão de Mulder é uma espécie de redenção da humanidade. Não exatamente uma expiação infinita, mas ainda assim uma tarefa primordial”.
Para quem quiser conferir A Sexta Extinção: O Amor ao Destino ou qualquer um dos outros episódios da série, as 11 temporadas completas de Arquivo X estão disponíveis no Disney+.
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