Quem foi Vera Cooper Rubin? Astrônoma americana dá nome a observatório no Chile
O Chile abriga o Observatório Vera C. Rubin, um dos projetos mais ambiciosos da astronomia moderna. O instrumento leva o nome de Vera Cooper Rubin, astrônoma norte-americana que confirmou ao mundo a matéria escura. Equipado com a maior câmera digital já construída, o observatório promete gerar um timelapse do universo em ultradefinição, revolucionando nossa compreensão do cosmos.
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Antes, voltemos a 1928, o ano em que a astrônoma nasceu. Filha de dois imigrantes judeus, Rubin sempre teve incentivo a seguir seus interesses científicos: seu pai a ajudou a construir um telescópio caseiro, e a mãe convenceu a biblioteca local a permitir que pegasse emprestados os livros de ciência, que ficavam na seção de publicações para adultos.

Rubin iniciou sua carreira na década de 1960, e a paixão que tinha pelos estudos a ajudou a enfrentar as barreiras de ser uma mulher na astronomia — segundo o Museu Americano de História Natural, ela era a única aluna da área no Vassar College, instituição que só tinha estudantes femininas. Quando tentou se candidatar para estudar em Princeton, Rubin foi recusada. A justificativa? Na época, o programa de astronomia na instituição não aceitava mulheres.
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Rubin ingressou em cursos de pós-graduação nas Universidades de Cornell e Georgetown enquanto equilibrava pesquisas e sua família, algo incomum para mulheres na época. A astrônoma tinha um filho pequeno e estava grávida, e enquanto isso, começou seu doutorado em aulas noturnas — Robert Rubin, seu marido, a levava para as aulas e a esperava no carro.
Muitas das pesquisas de Rubin foram recusadas por seus colegas: sua dissertação de mestrado sobre o movimento das galáxias foi recebida com controvérsia, e a tese de doutorado, ignorada. Mesmo assim, ela começou a estudar a rotação das galáxias.
E tudo mudou.
Vera Rubin e a matéria escura
Em uma noite de céu limpo em 1968, Rubin usou o observatório Kitt Peak, no Arizona, para observar o espectro das estrelas de Andrômeda, galáxia vizinha da Via Láctea. Aquela foi a primeira noite em que a astrônoma e seu colega Kent Ford conseguiram determinar a velocidade da rotação das estrelas ao redor do centro da galáxia — na época, o movimento galáctico ainda era um mistério para os cientistas.

A curva de rotação (nome dado a tal movimento) tinha formato estranho: ela era reta, o que indicava que as estrelas na parte mais externa da galáxia as orbitavam na mesma velocidade que aquelas do centro. Para completar, as estrelas na parte externa viajavam tão rápido que deveriam ter escapado da galáxia, que não tinha massa suficiente para mantê-las ali.
Como a massa das estrelas visíveis não era suficiente para manter a estrutura da galáxia, a única explicação é que deveria haver grande quantidade de massa faltando. Andrômeda foi apenas a primeira das várias galáxias com curvas de rotação inexplicáveis, e as décadas de estudos de Rubin revelaram que o universo estava repleto da misteriosa matéria escura.
Trata-se de uma forma de matéria que não interage com a luz e que não é feita das mesmas partículas da matéria “normal”. O conceito havia sido proposto em 1933 pelo suíço Fritz Zwicky, mas a falta de evidências fez com que a comunidade científica acabasse desconsiderando a ideia.

Hoje, os cientistas acreditam que quase 80% do universo é composto por matéria escura, e muito desta conclusão se deve ao trabalho de Rubin. Os cientistas passaram décadas tentando descobrir o que, afinal, forma a matéria escura, e qual é seu papel na estrutura do universo, mas muitas perguntas continuam sem resposta. Felizmente, o observatório Vera C. Rubin — que antes se chamava Dark Matter Telescope — pode ajudar a resolver o mistério.
Vera Rubin faleceu em 25 de dezembro de 2016, aos 88 anos.
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