Novo teste de sangue para identificar doença celíaca não requer comer glúten
A doença celíaca afeta, em média, uma em cada 170 pessoas no mundo. Quem sofre com esse transtorno autoimune tem uma intolerância ao glúten, proteína encontrada em grãos como trigo, aveia, cevada e centeio. É uma condição desafiante: ser celíaco significa ter que evitar a maioria dos pães, bolos, pizzas, cervejas e massas que contêm glúten.
O problema é que, para descobrir se você realmente é celíaco, você precisa comer glúten. Todos os métodos aprovados de diagnóstico do transtorno requerem que os pacientes ingiram quantidades consideráveis da proteína. Exames de sangue e gastroscopia, por sua vez, exigem que o suposto celíaco coma glúten por semanas.
Por conta disso, as pessoas que precisam ser testadas muitas vezes sofrem com sintomas como diarreia, dores abdominais e inchaço. Há pessoas que já têm uma dieta restritiva ao glúten e percebem empiricamente que a proteína é um problema na vida, mas não tem diagnóstico oficial porque evita os exames.
Agora, um novo exame de sangue desenvolvido por pesquisadores australianos pode resolver esse problema do diagnóstico de doença celíaca. Num artigo publicado no periódico Gastroenterology, os cientistas descreveram uma técnica inovadora que tem potencial para diagnosticar celíacos mesmo sem a ingestão de glúten.
Exame mais simples e menos flatulento
O exame desenvolvido pelos pesquisadores australianos foca em alguns linfócitos T, células do sistema imunológico que atuam na defesa contra agentes desconhecidos no corpo. Eles tentaram medir um marcador de imunidade conhecido como interleucina 2 (IL-2), porque a mesma equipe de cientistas havia descoberto, em 2019, que essas moléculas proteicas aumentavam na corrente sanguínea dos celíacos logo depois de ingerir glúten.
A equipe de cientistas, liderada pela pesquisadora celíaca Olivia Moscatelli, analisou amostras de sangue de 181 voluntários, com idades entre 18 e 75 anos, coletadas no hospital Royal Melbourne. Dos participantes, 75 eram celíacos numa dieta sem glúten a pelo menos um ano e 13 eram celíacos sem tratamento. Além deles, 32 pessoas analisadas tinham algum nível de sensibilidade ao glúten que não chegava a configurar doença celíaca; outras 61 pessoas serviram de grupo de controle, ou seja, não-celíacos.
As amostras de sangue foram misturadas com glúten depois de coletadas, e aí os pesquisadores do Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research (WEHI), de Melbourne, só precisaram ficar atentos para conferir os sinais da IL-2 na amostra – se os níveis desse anticorpo aumentassem, indicaria o problema. O exame conseguiu detectar doença celíaca com 97% de especificidade, até no caso de pessoas que não ingeriam glúten há mais de um ano.
A empresa Novoviah Pharmaceuticals foi a parceira industrial da pesquisa, e pretende deixar o teste pronto para uso clínico em dois anos. Os pesquisadores reconhecem que a quantidade de participantes ainda é pequena para dizer com certeza que esse teste pode substituir os outros métodos. Pesquisas futuras com amostras de sangue de crianças e pessoas de outros países vão ser necessárias
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